sábado, 18 de dezembro de 2010

Poço


Existe um momento em nossas vidas que voltamos ao passado, aos braços dos nossos amigos.
Descobrimos então que o tempo simplesmente não passa. Nem quando olhamos suas fisionomias que o tempo vai esculpindo, percebemos os vincos, as rugas.
Amigos de várias vidas são assim: simplesmente imutáveis, eternos.
Este é para o grande Navegador e sua família eterna.
Meus eternos agradecimentos.

O que faz de nós seres diferentes é a maneira de pensar.
E só lá dentro da alma, como um poço profundo, sem fundo, guardamos todos nossos segredos.
E tão bem guardados são que, na maioria das vezes, nos esquecemos deles, e de quem somos.
Então, quais são os segredos que nos afastam do mundo?
Quais os mistérios da aproximação?
Tal como um poço, os sentimentos lá no fundo são obscuros e cheios de duplicidade.
Às vezes apenas um sob o reflexo da luz alguma coisa se revela, tão cheia de sentimentos e traições que caímos no afastamento, no medo da solidão.
E vamos vivendo um dia após o outro, e a vida vai indo embora, caída, vazia, dentro do poço da alma.
De vez em quando me pego esperando e pensando em você, vezes sem fim, olhando pra baixo, apoiada na beira do poço.
A escuridão se mistura com reflexos do passado e aos traços do meu rosto.
Totalmente disforme, sem identidade.
Será que ainda vamos nos arrepender daquilo que não fizemos?
Arrependimentos são lições que ainda não aprendemos?
E mais um dia deita sua luz nas sombras, misturando todas as imagens em cores inenarráveis, levando tudo para o fundo do poço.
Enquanto o ciclo da luz e sombra é infinito, continuamos cheios de segredos, nos pensamento, nas palavras, nas ações tantas vezes inexplicáveis.
Mesmo assim observo a vida, olho nos olhos de cada um, escuto os sons que saem de suas bocas para tentar explicar tanta solidão.
E no momento que observo você inclinar a cabeça e escurecer o sorriso no canto da boca, eu me pergunto – onde estão as respostas?
São coisas que sempre fazemos e lições que nunca aprendemos!
Por fim, misturamo-nos a poeira no por do sol
E nos recolhemos ao fundo do poço, novamente.

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