domingo, 16 de setembro de 2012

Tartarugas



Antigamente voávamos juntos.
Dizia que ele tinha uma asa e eu outra.
Agora ele voa sozinho.
Se culpa do tempo, ou de nossas escolhas, não  importa mais.
Agora ele encontrou outra asa!
Para um grande amigo.


Sento-me aqui novamente
Observando o mar de nada.
Lembrando a ilusão que foi me afogando aos poucos, sem querer.
E me deixei levar pelo seu jeito engraçado
Pelos beijos estalados que nem desejava
Mas sabia, estavam lá.
E você conseguiu fazer de mim a casa cheia,
Aconchegante, repleta de possibilidades.
Acreditar que seria perfeito cuidar um do outro no fim do dia.
Em vão.
Nem cães, nem tapetes ou fotografias.
Talvez de vez em quando possa divisar algumas tartarugas no mar
Enquanto elas brincam na maré
Ou se debatam nas ondas, buscando a areia.
Não sei, é tudo que sei!
Sentir o abandono e raiva ao mesmo tempo
Pior é que pensei que isso jamais aconteceria novamente
Mas agora nosso amor já não se parece mais com nada que era
Você se foi
E conseguiu fazer de mim a casa fria,
Abandonada, perdida no tempo
Mas você encontrou uma casa cheia
Enquanto eu fico aqui
Sentada na pedra fria
Observando as tartarugas no mar
Cheia de amor que nunca, nunca vai acabar.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Sou... Eu...Sou




Ganhei uma prima a pouco tempo, vigorosa mulher,
que decidiu se apoderar de sua própria vida, e, tenho certeza, 
o fará com maestria.
Este é para ela, que descobrirá
 que também existe alegria 
em dançar sozinha.
Para vc, Carla.



Sou rubra, sou sol
Lábios e anzol.
Beijo, durmo, desapareço
Me encaro, olhos baços, sem reflexo
Sou tudo, vazia, inóspita
E abraço, resgato, sem complexos
Despida, com frio, distante
Faço meu mundo em apenas um instante
Sou água, fogo inconstante
Muito feia, imperfeita, impressionante
Tenho a mim, curiosa, bruta, maligna
Sou clara, sou lua, sou digna.
E grito meu canto na cama
Escrava, dona e nua
Mas não engano, não sou tua!
Misturo tudo em amor profundo
E fujo feito um bicho moribundo
Avanço com meu arco
E atravesso meu próprio tempo
Nado meu próprio espaço
E apareço, muito grande
Preenchendo a beleza que me desencarna
É assim que sou
E não me resta mais nada.