Somos seres-bolsas onde tudo cabe, onde se guarda coisas úteis e inúteis, recipiente que também se perde e se esquece. Mas, de vez em quando, fazendo a faxina, resgata-se algo fugitivo.
Este é para alguém que se foi há tantos anos mas que deixou a essência na minha bolsa.
Me ajuda
Traz seus lábios de volta
O calor dos seus dedos nos meus cabelos
Seu sorriso escasso
Mata a tristeza que ficou com seu abandono
Desliga essa alegria falsa
Me diz o que seu silêncio preenchia
Me escuta
Assim, me olhando e me fazendo inteira
Nunca serei a mesma
Pretensa plenitude
Onde somente eu sinto
E ninguém enxerga
Nem mesmo assim consigo articular o sentimento
Sem mesmo pretender
Jogar fora tantos anos, quantos beijos!
Volta!
Me abraça novamente
Com aquele cheiro de fim!