Borboletas e Sereias: março 2010

Se por um sorriso meu olhar te quis, se por sua voz a firmeza de minhas pernas estremeceram.

Onde mais, se não assim, de busto aberto, descansando sobre o meu, um dia eu quem dera ter?

Sem o olhar misterioso, o sorriso isolado ao longo de um corpo, que eu presumo, combinar com o meu.

A pele clara aumenta o desejo e faz do seu peito um abrigo e me põe de castigo, pois esse sorriso ainda não beijou o meu.

Confio no acaso, no erro de um tempo e no fluxo da vida, pois acredito nestes a certeza que um dia essa pela macia irá encontrar a minha.

Li em algum lugar, nem me lembro quando, que toda pessoa deve plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro nesta vida.
Plantei árvores de várias espécies, se vingaram, não sei. Plantei flores; fiz e refiz um jardim; lutei para ter um gramado e salvar um limoeiro. Chorei quando vi Archibaldo (um Guapuruvu de 9 anos) do alto dos seus 15 metros, cair, pedaço a pedaço. Doei mudas, espalhei hortências pela vizinhança. As flores do cacto estão lembradas em fotos. Afastei os gatos dos beija-flores; vi um ninho de pombas despencar do pinheiro.
Não tive coragem para ter o filho, nem a filha. Mas tive alunos; verdadeiros anjos e demônios que desafiaram o que há de bom e mal em mim. Hoje vejo em seus olhos gratidão e carinho tão grandes que tenho certeza que fiz tudo certo. O livro... ah, pretensão! Já estamos inundados por tantos títulos, autores, tendências, que prefiro deixar aqui neste blog minhas poesias dedicadas as pessoas que fazem parte da minha história e do meu coração; meu testamento. Elaine

De manhã fui acordada cedo
pelo sino cromático da Igreja ortodoxa.
Abri as persianas.
A luz era intensa com um caso de amor.
Fiquei ofuscada, felicíssima,
não apenas porque fazia calor e tudo era maravilhoso,
mas porque a natureza não economiza nada.
Ninguém precisa de tanta luz solar.
Tampouco ninguém precisa de secas,
vulcões, monções e tornados,
mas eles acontecem porque
nosso mundo é extraordinariamente extravagante.
Nós é que ficamos obcecados com as medidas.
O mundo simplesmente derrama as coisas.

Jeanette Winterson

Mar adentro mar adentro
E na falta de gravidade neste fundo
onde se realizam os sonhos
se juntam duas vontades
para realizar um desejo

Um beijo acende a vida
com um relâmpago e um trovão
e como em uma metamorfose
meu corpo não é mais o meu corpo
é como penetrar o centro do universo

O abraço mais infantil
e o mais puro dos beijos
até que nos vemos reduzidos
em um único desejo

Seu olhar no meu olhar
como um eco se repetindo, sem palavras
Mais adentro, mais adentro
até mais além de todo o gosto
pelo sangue e pelos ossos

Mas eu desperto sempre
e sempre quero estar morto
para seguir com minha boca
enredada em teus cabelos

Ramon Sampedro

Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de Porto, dizer a minha neta:
- Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado.
Tenho umas coisas pra te contar.
E assim, dizer apontando o indicador para o alto:
- O nome disso não é conselho, isso se chama corroboração!
Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas
conclusões. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte.
Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
É preciso coragem para ser feliz. Seja valente.
Siga sempre seu coração. Para onde ele for seu sangue, suas veias e seus olhos também irão.
E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação.
Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você.
Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim. Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e a Austrália. Cuide bem dos seus dentes.
Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro.
Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito..."
Tenha uma vida rica de vida.
Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro é imprevisível.
Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.
Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor.
E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque, sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também
detalhes desnecessários.
Se for se casar faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status.
A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco!
Prefira a recomendação da natureza, que, com a justificativa de aperfeiçoar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.
Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus
instrumentos de criação. Leia.
Pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim.
Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão.
Cultive os amigos. Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas mais raras de amor.
Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.
Era só isso minha querida. Agora é a sua vez. Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?

Maria Sanz Martins

ELAINE
"Uma mulher incomum.
A luz e o breu...
Exótica e comum.
Oscilante e completa
As vezes erra, em outras é incrível!
Eterna insconstante...
Ama infinitamente!
Apaixona-se... Enlouquece.
De corpo, alma e mente!
Que até esquece de si mesma.
Seus olhos são um poço infinito...
De amor, encantamento, bondade...
Não, ela não é perfeita...
Nem dona da verdade!
Mas é dona de si.
Dona das suas vontades.
Mulher que espalha sua essência no ar...
Seu amor... Seus desejos.
Escreve o que a própria alma grita...
É alguém que você pode contar
Sempre.
Alguém que vai te fazer rir...
E também chorar.
Porque é transparente.
Verdadeira.
Amiga... Amante...
Guerreira.
Que dá a mão... colo... abraço.
Coração.
Pessoa que não sabe amar pouco...
Ser pouco...
Dar pouco...
Ser mulher pouco...
AMIGA POUCO!
Uma mulher que se conhece e se permite!
Alguém que ousa e arrisca.
Uma mulher que ri... chora... e acima de tudo... AMA.
É como a tradução perfeita de um poema... rara, e ÚNICA."

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande.
As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela.
Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você.
O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!

Mario Quintana

Borboletas e Sereias

segunda-feira, 22 de março de 2010

Mensagem Para Todos